Mãe

No outro dia a minha ligou-me para saber se eu estava disponível para ir com ela ver o espectáculo de um fadista.
Por acaso já sabia o que era, já tinha ouvido falar. Achei interessante. Não sou ouvinte assídua de fado, mas admiro e orgulho-me deste "produto nacional". E com muito gosto, fui fazer companhia à minha mãe. É que às vezes não é fácil acompanhar os nossos pais nas suas actividades "chatas" e completamente inadequadas ao nosso gosto.
Sinto que, agora que já não vivo com a minha mãe, tenho muito mais gosto e paciência em fazer com ela certas coisas que não fazia quando estava lá em casa. É que quanto mais tarde saírmos de casa, mais choques vão havendo, há medida que a educação que nos foi dada pelos nossos pais passa a dar lugar à formação da nossa própria personalidade, valores, e forma de pensar e agir. Eu senti essa necessidade, de sair, pois já chocava muito.
Isto tudo para dizer que me encheu o coração ver a alegria com que a minha mãe saiu daquele espectáculo. E essa alegria não teria apenas a ver com o bom momento proporcionado pelo expectáculo (foi muito agradácel! J ) mas também, de certeza, com o facto de ter partilhado aquele momento com um filho.
É importante fazer sentir que, embora não estejamos na mesma casa, há a capacidade de estarmos (ainda mais) presentes.